Os profissionais do transporte rodoviário de cargas enfrentam muitas adversidades em seu dia a dia, rodando pelas estradas brasileiras e encarando diversos desafios. Entre eles, a necessidade de cumprimento de prazos, a distância da família e, até mesmo, riscos de acidentes. Considerando todo o empenho e a importância da profissão, existem no Brasil algumas datas que comemoram o Dia do Caminhoneiro.
Aliás, a maior parte das ocupações é homenageada em alguma data, como forma de lembrar a população sobre a sua relevância. No entanto, no caso dos caminhoneiros (e caminhoneiras), a profissão é lembrada, ao menos, em quatro oportunidades diferentes.
Isso demonstra o grande respeito recebido por esses profissionais e o quanto os brasileiros reconhecem o valor dos esforços da categoria. Mas qual será a origem por trás de cada uma das quatro datas comemorativas? Se você quer entender melhor o calendário comemorativo dos caminhoneiros, continue a leitura!
Afinal, quando é o Dia do Caminhoneiro?
Os profissionais de transporte de cargas são essenciais para manter a economia e abastecer a população, de Norte a Sul do Brasil. Ao longo dos meses em que o país vem enfrentando a crise do novo coronavírus e os seus impactos nos mais diversos segmentos, os caminhoneiros não pararam de trabalhar.
O transporte de alimentos, de medicamentos, de combustíveis e de todo o tipo de produto necessário para assegurar o suprimento dos cidadãos só foi possível graças a esses profissionais. Por isso, nada mais justo do que oferecer a eles esse reconhecimento, não é?
No entanto, como comentamos, o dia é celebrado em ocasiões bastante distintas. Quer entender melhor a origem de cada uma dessas datas? Acompanhe!
25 de julho: o Dia do Caminhoneiro mais antigo e tradicional
Em geral, no Brasil, a data mais lembrada — e reconhecida — pelos próprios estradeiros é 25 de julho. No entanto, esse não é o Dia do Caminhoneiro, mas sim, o de São Cristóvão, santo católico considerado o santo padroeiro de quem vive na estrada.
Nesse mês, geralmente, são organizadas festas e eventos voltados para esses profissionais, em várias localidades do país. A data é tão significativa para os caminhoneiros que, no Rio Grande do Sul, às margens da BR-116, existe uma igreja dedicada a São Cristóvão, com o formato de um caminhão, que é frequentemente visitada pelos estradeiros. Ser caminhoneiro e enfrentar estradas — nem sempre seguras — é uma ocupação que faz com que muitos motoristas despertem mais ainda a sua fé.
Descubra como São Cristóvão se tornou um mártir católico
A Igreja Católica teve (e continua tendo) grande influência no país, desde a época colonial, tornando-se parte da cultura brasileira. A história de São Cristóvão e do motivo de ele ter se tornado o protetor dos transportadores de carga, particularmente, é interessante e causa orgulho a muitos profissionais do ramo.
De acordo com relatos históricos, São Cristóvão era um homem extremamente forte e alto, considerado um verdadeiro gigante. Ele vagou por muitos anos procurando o mais poderoso rei para servir e, assim, conquistar o máximo de riqueza e de prestígio.
Chegou a ser servo do Diabo, mas, ao vê-lo se espantar com uma cruz cristã, resolveu deixá-lo e procurar aquele que havia botado medo até no “Senhor das Trevas”. Na busca por Jesus Cristo, foi alertado de que só o encontraria por meio de boas ações. Por isso, passou a ajudar pessoas a atravessarem um rio, conhecido por sua correnteza violenta.
São Cristóvão (que, na verdade, se chamava Reprobus e ainda não havia sido canonizado) colocava os viajantes sobre os ombros e, com seu tamanho avantajado, levava-os de uma margem a outra, em segurança, da mesma forma que um caminhão faz com a sua carga.
Certa vez, um menino pediu ao “gigante” que o ajudasse a transpor o rio. No meio do caminho, no entanto, São Cristóvão achou que o garoto estava se tornando demasiadamente pesado, o que fez com que quase desistisse. Foi a carga mais pesada que o enorme homem já havia suportado. Sentiu como se carregasse o mundo.
Ao terminar a travessia, a criança revelou a Cristóvão que aquele peso não era do mundo, mas de seu Criador. A partir de então, o “gigante” se converteu e passou a peregrinar, pregando a palavra de Jesus, até ser condenado à morte por isso, por determinação de um rei tirano.
Assim, tornou-se Santo, por ser um mártir do catolicismo. Sua canonização aconteceu no século XV. Por ter carregado o próprio Deus Cristão nas costas e enfrentado todo o peso do mundo para cumprir a travessia, São Cristóvão passou a ser considerado o padroeiro dos viajantes e dos caminhoneiros, com muitos devotos ao redor do mundo.
Na Grécia, por exemplo, seu dia é 9 de março. Na Espanha, a data é comemorada em 10 de julho. Em Cuba, em 16 de novembro. Já a Igreja Ortodoxa celebra a data em 9 de maio.
Assim, não por acaso, a data tem sido comemorada desde os primórdios da profissão como o verdadeiro Dia do Caminhoneiro, mesmo que informalmente.
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17 de setembro: a homenagem da nação aos estradeiros
Como vimos, a data de 25 de julho nunca chegou a ser oficializada no calendário. A razão disso é que todas as comemorações oficiais — homenagens prestadas pelos governos, em nome do povo, às diversas profissões — precisam ser determinadas por legislação específica.
E foi somente em 2009 que o então presidente da República, Itamar Franco, sancionou um decreto da Câmara dos Deputados Federais, transformando-o na Lei n° 11.927/2009, de âmbito federal. Dessa forma, estabeleceu-se o Dia Nacional do Transportador Rodoviário de Cargas em 17 de setembro, sendo a homenagem oficial aos profissionais estradeiros.
O dia escolhido para a celebração marca o reconhecimento do valor que os caminhoneiros têm — não só para a economia nacional, mas também, para a manutenção da qualidade de vida de toda a população. Afinal, são eles que levam comida, água, medicamentos e os mais variados tipos de cargas aos quatro cantos do país.
30 de junho: o reconhecimento do estado de São Paulo
Segundo o Perfil dos Caminhoneiros, uma pesquisa de abrangência nacional realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), cerca de um quarto dos caminhões do país está registrado no estado de São Paulo. O fato de ser o principal polo comercial e industrial nacional faz do estado um dos que mais recebem caminhoneiros, vindos de todas as regiões do país, e também o que mais sente a sua presença no dia a dia.
Por isso, nele, estão as melhores estradas nacionais, postos de combustíveis com excelente infraestrutura para suprir as demandas desses profissionais e também o maior mercado consumidor do país. Isso é representado por cidades como Campinas (e outras em seu entorno) ou as localizadas na região do Vale do Paraíba.
Além disso, uma grande parte da frota nacional passa pelas estradas paulistas, tanto para movimentar os produtos de sua indústria e de sua agropecuária — já que é o estado brasileiro com a maior economia — quanto para acessar seus aeroportos e portos. Neles, são escoadas mercadorias vindas de todo o Brasil e levando para outras regiões os produtos importados.
Por todos esses motivos, Franco Montoro, o governo de São Paulo no ano de 1986, instituiu o Dia do Caminhoneiro, promulgando a Lei estadual nº 5.487. Assim, transformou o dia 30 de junho na data oficial de homenagem aos profissionais estradeiros — um agradecimento do povo paulista aos serviços prestados diariamente pelos caminhoneiros.
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12 de outubro: o dia da protetora dos caminhoneiros
Você acha que essas três datas comemorativas podem causar confusão? Então, se prepare: vamos apresentar, agora, mais um dia reservado aos profissionais que ajudam a economia a girar.
Retomando a influência da Igreja Católica no calendário de nosso país, temos o feriado de 12 de outubro, quando é celebrado o Dia de Nossa Senhora de Aparecida, santa padroeira do Brasil, das mulheres grávidas, dos recém-nascidos e, sim, também dos caminhoneiros!
É bastante comum que, nessa data, as estradas rumo à cidade de Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, sejam rotas de muitos estradeiros. Eles fazem procissões e carreatas para o Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Lá, os caminhoneiros renovam sua fé, agradecem à santa por conseguirem superar as mais diversas dificuldades no dia a dia de trabalho e pedem bênçãos para seus caminhões, para as suas famílias e para si próprios.
Existem outras datas importantes para os caminhoneiros?
Não há dúvidas de que todas as datas comemorativas remetem, de alguma forma, ao trabalho do caminhoneiro. Quer alguns exemplos? Confira:
- em épocas como a Black Friday, são esses profissionais que ajudam o comércio a manter a sua intensa atividade, transportando produtos por todo o país;
- na grande maioria das datas comemorativas (Natal, Dia das Mães, dos Namorados, dos Pais, das Crianças, entre outros), são os caminhoneiros que garantem o abastecimento do varejo e, consequentemente dos presentes, mesmo estando, eles próprios, distantes de suas famílias, amigos e entes queridos;
- da mesma forma, o transporte de suprimentos para as indústrias fabricarem os produtos também depende desses profissionais.
Além das datas comemorativas, não há dúvidas de que o país depende dos caminhoneiros — um exemplo claro disso foi a relevância do trabalho da categoria para garantir o abastecimento durante a pandemia.
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O que significa ser caminhoneiro hoje em dia?
Ser caminhoneiro já foi encarado de forma mais romântica no passado, como atestam algumas músicas que retratam a vida de quem está na estrada. Hoje, a perspectiva é mais realista, destacando, além do amor pela profissão, os inúmeros desafios dos estradeiros para garantir a sua renda, o abastecimento e também a eficiência operacional de seus clientes.
Quem está do outro lado da relação — seja o consumidor que aguarda a entrega de um determinado produto, seja o fornecedor que o vendeu —, muitas vezes, não tem ideia das dificuldades que permeiam a vida desse profissional.
Horas ao volante, que sobrecarregam o corpo e cansam a mente, necessidade de atenção constante para desviar dos riscos da estrada, noites passadas na boleia e banhos improvisados em pontos de parada na estrada são alguns dos percalços que fazem parte do cotidiano dos caminhoneiros.
Isso, sem contar situações específicas que acontecem todos os dias, em inúmeros pontos do percurso, tais como:
- restrição à circulação de caminhões em determinadas zonas urbanas, fazendo com o que os motoristas precisem madrugar, ou então, esperar para poder entrar nas cidades;
- falta de local de estacionamento próximo ao destino da carga, o que pode causar transtornos na entrega e até multas;
- dificuldades no local de entrega (como inconsistência de endereço, prédios sem elevadores, bairros perigosos, entre outras);
- grande tempo dispendido entre carga e descarga;
- fiscalização rigorosa;
- custos elevados de manutenção do veículo, preço dos combustíveis, pedágios, entre outros aspectos que encarecem a operação e reduzem a renda do motorista;
- trânsito e má conservação das rodovias, o que eleva o risco de acidentes;
- medo de não ter carga no retorno da viagem, o que compromete a lucratividade.
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Por que as comemorações do Dia do Caminhoneiro são importantes?
Sabemos que, de fato, a rotina do caminhoneiro não é fácil — e essa é uma razão para que esse profissional seja valorizado e homenageado nas quatro datas comemorativas que existem (oficialmente ou não) no Brasil!
Em nosso país, mais de 60% das mercadorias são transportadas pelas rodovias, o que atesta a importância dos caminhoneiros para a economia brasileira. As celebrações evidenciam o respeito e o reconhecimento que esses indispensáveis profissionais conquistaram ao longo dos anos.
Além disso, as quatro variações do Dia do Caminhoneiro também servem como lembretes para as reivindicações dos profissionais por seus direitos, bem como por combustíveis mais baratos, estradas seguras e mais tempo com a família.
Diante de tudo que aqui foi abordado, deixamos registrada, então, a nossa singela homenagem a esses grandes guerreiros da estrada! Seja em junho, julho, setembro ou outubro, o Dia do Caminhoneiro deve ser lembrado como sinônimo de muita garra e determinação!
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